domingo, 9 de setembro de 2012

GESTALT



Gestalt, palavra alemã sem tradução exata em português, refere-se a um processo de dar forma, de configurar "o que é colocado diante dos olhos, exposto ao olhar": a palavra gestalt tem o significado "(...)de uma entidade concreta, individual e característica, que existe como algo destacado e que tem uma forma ou configuração como um de seus atributos

A Gestalt ou psicologia da forma, surgiu no início do século XX e, diferente da gestalt-terapia, criada pelo psicanalista berlinense Fritz Perls(1893-1970), trabalha com dois conceitos: supersoma e transponibilidade. O psicólogo austríaco Cristian von Ehrenfels apresentou esses critérios pela primeira vez em 1890, na Universidade de Graz
De acordo com a teoria gestáltica, não se pode ter conhecimento do "todo" por meio de suas partes, pois o todo é maior que a soma de suas partes: "(...) "A+B" não é simplesmente "(A+B)", mas sim um terceiro elemento "C", que possui características próprias"
Segundo o critério da transponibilidade, independentemente dos elementos que compõem determinado objeto, a forma é que sobressai: as letras r, o, s, a não constituem apenas uma palavra em nossas mentes: "(...) evocam a imagem da flor, seu cheiro e simbolismo - propriedades não exatamente relacionadas às letras
Um dos seus principais representantes foi Max Wertheimer (1880-1943). Wertheimer demonstrou que quando a representação de determinada frequência não é transposta se tem a impressão de continuidade e chamou o movimento percebido em sequência mais rápida de "fenômeno phi". A tentativa de visualização do movimento marca o início da escola mais conhecida da psicologia da gestalt e seus pioneiros, além de Wertheimer, foram Kurt Kofka (1886-1941); Kurt Lewin (1890-1947); Wolfgang Köhler (1887-1967
Em 1913, a Academia Prussiana de Ciências instalou, na ilha de Tenerife, nas Canárias, uma estação para estudo do comportamento do macaco. Wolfgang Köhler foi nomeado, então, diretor da estação - ainda muito jovem e com quase nenhuma experiência em biologia e psicologia de animais. Suas pesquisas, pioneiras com antropóides, enfatizaram que "não só a percepção humana, mas também nossas formas de pensar e agir funcionam, com frequência, de acordo com os pressupostos da gestalt. Os seus experimentos comprovaram que os chimpanzés têm condições de resolver problemas complexos, como conseguir alimentos que estão fora do seu alcance

Origens


Max Wertheimer (1880-1943), [Wolfgang Köhler] (1887-1967) e Kurt Koffka (1886-1940), depois de 1910, na Universidade de Frankfurt, criticaram fortemente as idéias de Wilhelm Wundt (1832-1920), considerado o fundador da psicologia moderna e responsável pelo primeiro laboratório de psicologia experimental.
Wertheimer pôde provar experimentalmente que diferentes formas de organização perceptiva são percebidas de forma organizada e com significado distinto por cada pessoa. Como pode ser visto nas figuras do Cubo de Necker e do Vaso de Rubin, acima. O todo é maior do que a soma das partes que o constituem. Por exemplo: uma cadeira é mais do que quatro pernas, um assento e um encosto. Uma cadeira é tudo isso, mas é mais que isso: está presente na nossa mente como um símbolo de algo distinto de seus elementos particulares.
Em uma série de testes Wertheimer demonstrou que pode ser realizada uma ilusão visual de movimento de um determinado objeto estacionário se este for mostrado em uma sucessão rápida de imagens. Assim se consegue uma impressão de continuidade e chamou este movimento percebido em sequência mais rápida de "fenômeno phi" (o cinema é baseado nessa ilusão de movimento, a imagem percebida em movimento na realidade são conjuntos de imagens fixas (Frames) projetadas na tela durante 1 segundo. Devem existir ao menos 12 frames por segundo para que exista a sensação de movimento.Quanto mais frames por segundo, mais perfeita é essa sensação).

Escola "dualista" de Graz

A tentativa de visualização do movimento marca o início de outra escola da psicologia da Gestalt: a Escola de Graz ou “corrente dualista”, (Áustria). Esta identificou dois processos distintos na percepção sensorial: um, a sensação, a percepção física pura dos elementos de uma configuração (o formato de uma imagem ou as notas de uma música), próprio ao objeto percebido; e o outro, a representação, que seria um processo “extra-sensorial” através do qual os elementos, agrupados, excitam a percepção e adquirem sentido (a forma visual ou a melodia da música), que já é particular do trabalho mental do homem.
A outra concepção, divergente do “dualismo”, era a chamada “corrente monista” (de mono, único), defendida pelos alemães. Pelo ponto de vista monista, tanto sensação como representação se dariam simultaneamente, e não em separado. A forma, ou seja, a compreensão que os dualistas chamaram de “extra-sensorial”, não pode ser dissociada da sensação do objeto material. Por ocorrerem ao mesmo tempo, percepção sensorial e representativa vão se completando até finalizarem o processo de percepção visual. Só quando uma é concluída que a outra pode ser concluída também.

Laboratório de 1913

Em 1913, a Academia Prussiana de Ciências instalou, na ilha de Tenerife, nas Canárias, uma estação para estudo do comportamento do macaco. Wolfgang Köhler foi nomeado, então, diretor da estação - ainda muito jovem e com quase nenhuma experiência em biologia e psicologia de animais. Suas pesquisas pioneiras com antropóides enfatizaram que não só a percepção humana, mas também nossas formas de pensar e agir funcionam, com freqüência, de acordo com os pressupostos da Gestalt da reorganização perceptiva.
Observou-se que ato cognitivo corresponde a uma reestruturação do conhecimento anterior (informações disponíveis na memória) tal como posteriormente estudada pelos construtivistas a exemplo de Piaget. Medidas da estimulação elétrica cortical em gatos e os seus clássicos experimentos com chimpanzés (empilhando caixotes para alcançar alimentos) comprovaram que estes têm condições de resolver problemas relativamente mais complexos do que os experimentos de contornar um obstáculo e abrir fechaduras para fuga, aproximando-se da inteligência humana.

Fundamentos teóricos

Segundo a Gestalt, existem quatro princípios a ter em conta para a percepção de objectos e formas: a tendência à estruturação, a segregação figura-fundo, a pregnância ou boa forma e aconstância perceptiva.
Outros conceitos dessa teoria são supersoma e transponibilidade. Supersoma refere-se a idéia de que não se pode ter conhecimento de um todo por meio de suas partes, pois o todo é maior que a soma de suas partes: "(…) "A+B" não é simplesmente "(A+B)", mas sim um terceiro elemento "C", que possui características próprias". Já segundo o conceito da transponibilidade, independentemente dos elementos que compõem determinado objeto, a forma se sobressai. "(…) uma cadeira é uma cadeira, seja ela feita de plástico, metal, madeira ou qualquer outra matéria-prima

Sete fundamentos básicos


Os sete fundamentos básicos da Gestalt - muito usado hoje em dia em profissões como designarquitetura, etc - são:
  • Continuidade
  • Segregação
  • Semelhança
  • Unidade
  • Proximidade
  • Pregnância
  • Fechamento

Aplicações


Aplicações na arte

A tendência à estruturação, por exemplo, explica como os diferentes povos distinguem grupos de estrelas e reconhecem constelações no céu; a configuração ideal mais conhecida é aProporção áurea dos arquitetos e geômetras gregos, o que explica muitas das formas que se tornam agradáveis aos olhos humanos. As empresas de publicidade e os criadores de signos visuais (marcas) são grandes usuários da descoberta dos símbolos e de seu poder de atração (pregnância). Vários artistas se utilizaram das ilusões de óptica. Muitas delas são explicadas pela lei da segregação da figura e fundo, a exemplo das obras de Escher e Salvador Dalí ou dos discos ópticos de Marcel Duchamp. A ilusão de perspectiva e a proposição cubista de criação de uma cena com (sob) múltiplos pontos de vista também são explicados pela teoria da Gestalt.
Através dos estudos das teorias elaboradas pela Gestalt, no início do século XX, referentes a psicologia das imagens, foi possível criar condições favoráveis para a racionalização na construção de projetos gráficos. Reforça-se a idéia que o todo, é mais que a soma das suas partes, existindo um envolvimento psicológico e cultural. Compreender a construção de imagens é imprescindível para a elaboração e desenvolvimento de objetos visuais, viabilizando a ampliação do acervo de soluções gráfica

Gestalt-terapia

A partir da teoria da Gestalt e da psicanálise, o médico alemão Fritz Perls (1893-1970) desenvolveu uma forma de psicoterapia de orientação gestáltica. A gestaltoterapia ou terapia Gestaltorienta-se segundo o conceito que o desenvolvimento psicológico e biológico de um organismo se processa de acordo com as tendências inatas desse organismo, que tentam adaptá-lo harmoniosamente ao ambiente. A prática psicoterapêutica é, normalmente, realizada em grupo e ao longo das suas sessões destaca-se a realização de um conjunto de exercício sensório-motores (que trabalham as áreas sensoriais e motoras do nosso corpo) e meditativos (de relaxamento). Estes exercícios pretendem, principalmente, que os indivíduos descubram novas forças existentes em si, para poderem ultrapassar as suas dificuldades

Aplicações na gestão de empresas

A análise Gestalt é passível de incorporação na gestão das empresas. No seminário realizado a 20 de junho de 2012 no IESF - Instituto de Estudos Superiores Financeiros e Fiscais, sobre o tema “Pós-Capitalismo – Sociedade do Conhecimento”, o Dr. Amândio Silva transmite a ideia de que as empresas são mais do que uma simples adição dos seus diferentes sectores. Importa ao gestor ser capaz de olhar, avaliar e gerir de acordo com os padrões e configurações que deteta. A visão do todo, da forma que sobressai, é o elemento chave para a condução de uma gestão empresarial de sucesso, pois só assim é possível identificar a completa dimensão física, cultural e emocional da organização. Algo que a análise individualizada a cada sector se mostra incapaz de percepcionar.


Cubo de Necker e o Vaso de Rubin, dois exemplos utilizados na Gestalt




<< Terapia gestalt


Gestalt-Terapia, também conhecida como Terapia Gestalt, é uma abordagem psicológica, e que possui uma visão de homem e de mundo pautadas na doutrina holística, na fenomenologia e no existencialismo.
Baseada no "aqui-e-agora", a Gestalt-Terapia tem como foco levar as pessoas a restaurar o contato consigo, com os outros e com o mundo. Por ser considerada uma abordagem Humanista, acredita na capacidade do ser humano em se auto-realizar e de desenvolver seu potencial.
Foi co-fundada pelos então conhecidos como o "grupo dos sete", tendo mais destaque entre eles Fritz PerlsLaura Perls e Paul Goodman dentre os anos de 1940 a 1950. Está relacionada com a psicologia da gestalt, mas não é a mesma coisa.
Quando criada, havia uma divergência quanto ao nome que esta abordagem deveria ter, entre muitos nomes foram propostos: Terapia da Concentração, Terapia Integrativa, Psicanálise Existencial, até proporem Gestalt-Terapia que de início causou certo debate, mas que logo foi aceito.
Inicialmente baseada nas idéias da psicologia gestalt, a Gestalt-Terapia foi desenvolvida como modelo psicoterapeutico, sendo considerada uma teoria bem desenvolvida que combina abordagensFenomenológicasExistenciais, Dialógicas e da Teoria do Campo aliadas ao processo de transformação e crescimento humano.
Perls sempre frisou que a gestalt-terapia não era uma criação original sua, mas, pelo contrário, uma união de vários conhecimentos da área de psicologia, que ainda não haviam sido experimentados por ninguém. Cabe a Gestalt-Terapia a configuração destes conhecimentos, dando a eles uma abordagem própria.
Uma das grandes inovações da Gestalt-Terapia é o fato de compreender o ser humano como uma totalidade, rompendo com as psicoterapias tradicionais, a Gestalt vê o homem no físico, mental e psíquico. Estas são esferas indivisíveis e interrelacionadas. Corpo e psiquismo são inseparáveis.
A Gestalt-Terapia pode ser utilizada no atendimento individual, de grupos, familiar, de casais, infantil e até em organizações. A visão holística que permeia o pensamento gestáltico possibilita a sua utilização em grupos. Fritz Perls costumava realizar Workshops com grupos e casais. O próprio Perls, certa vez, declarou preferir o atendimento em grupos ao atendimento individual, pela sua eficiência, e principalmente por poder colocar os clientes diantes de situações onde estes poderiam ser mais espontâneos.
Os métodos e objetivos variam de acordo com os autores, para Perls o objetivo da terapia é saltar do apoio ambiental para o auto-suporte (self-suport). Em outro momento encontramos como objetivo da Gestalt-Terapia a Awareness. Awareness é uma palavra sem conceituação exata para o português, mas que pode convenientemente ser traduzida para "dar-se conta", também sendo utilizada para conceituar o que muitos chamam continuum de consciência, para outros seria uma transcendência da consciência de si. Essa consciência refere-se a capacidade de aperceber-se do que se passa dentro de si e fora de si no momento presente, em nível corporal, mental e emocional.

Influências da gestalt-terapia


A Gestalt-terapia tem como base várias teorias do conhecimento humano, entre elas, as mais utilizadas por Fritz Perls, de acordo com Tellegen (1984, p.34) são: análise do caráter de Reich, a fenomenologia, a psicologia da Gestalt, a teoria organísmica de Kurt Goldstein, a filosofia existencial, zen budismo, a teoria do campo de Kurt Lewin e a Psicanálise. Esta última é interessante que seja ressaltado que Perls era psicanalista, em determinado momento admite o valor da pesquisa psicanalítica, afirmando: “Quase não existe uma esfera da atividade humana onde a investigação de Freud não tenha sido criativa, ou, pelo menos, estimuladora” (1969, p.13). Contudo, a fundamentação com a psicanálise deve ser vista com cuidado, pois Perls manteve ásperas relações com a psicanálise. Em certos momentos faz comentários sobre Freud e sua teoria.
“[...] Freud, suas teorias, sua influência são por demais importantes para mim. [...] Fico profundamente abismado diante do que praticamente sozinho realizou, com instrumentos mentais inadequados de uma psicologia associacionista e uma filosofia de orientação macanicista. Sou profundamente grato por tudo que aprendi justamente ao me opor a ele.” (PERLS, 1979)
Nos escritos de Perls é comum encontrarmos referências à Alfred Adler e Harry Stack Sullivan, ambos influenciaram o pensamento de Fritz, principalmente, no que toca às questões referentes à auto-estima e auto-conceito.

FONTE : http://pt.wikipedia.org/wiki/Gestalt




Nenhum comentário:

Postar um comentário